domingo, 11 de novembro de 2012

Conheça as butiques de esmalte, salões dedicados ao embelezamento de mãos e pés


Lugares charmosos refletem a verdadeira loucura das brasileiras pelos vidrinhos coloridos


Estilo camurça e caviar são os mais pedidos no salão
Bem Feitas, na Tijuca Foto: Ana Branco/Agência O Globo
Estilo camurça e caviar são os mais pedidos no salão Bem Feitas, na TijucaANA BRANCO/AGÊNCIA O GLOBO
RIO — Não tem barulho de secador, cheiro de tinta de cabelo ou “neblina” de laquê espalhada pelo ambiente. Os salões que agora surgem pela cidade inauguram um novo conceito: são dedicados exclusivamente ao embelezamento de mãos e pés, reunindo uma coleção de mais de 500 esmaltes de cobiçadas marcas nacionais e estrangeiras. Modelo de negócio que já faz sucesso em São Paulo, costumam ser chamados de butiques de esmalte, nail bar ou apenas esmalterias.
São lugares charmosos que refletem a verdadeira loucura das brasileiras por esmalte. Dados da Associação da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) indicam que o mercado das chamadas “maquiagens para as unhas”, que fervilha há mais de dois anos no país, faturou R$ 508 milhões, produzindo 497 milhões de vidrinhos no ano passado. A última pesquisa do Instituto Nielsen aponta que o mercado de esmaltes cresceu 17%, só no primeiro semestre deste ano.
À primeira vista, o que chama atenção nesses lugares é a decoração mimosa, mais acolhedora do que a de um salão tradicional. A mais recente, chamada Parfait e aberta há dois meses no subsolo de uma galeria em Ipanema, aposta em cheio no romantismo francês, com paredes em tom cinza azulado, espelhos venezianos, lustre de cristal e poltronas com estampas florais. Nada de manicures passeando em cima de bancos com rodinhas pra lá e pra cá. O atendimento, entre um chazinho de menta e outro, é feito em mesas, onde a cliente pousa o braço em cima de pequenos travesseiros.
Logo na entrada da Parfait, uma homenagem à grife que virou ícone de esmaltes, lançando as cores mais desejadas e ditando moda. A frase de Coco Chanel “para ser insubstituível, você precisa ser diferente” fica bem acima de seis pequenas prateleiras que abrigam parte da coleção de vidrinhos. Em outro canto mais reservado no espaço de 40 metros quadrados, algumas cores Chanel se misturam a outras estrelas da casa, como Dior, Lancôme e Estée Lauder. Ao escolher uma dessas grifes de esmalte, no entanto, o valor do serviço (mão a R$ 22; pé a R$ 24) é acrescido de R$ 7.
À frente da loja, a ex-modelo Renata Menezes Soares reuniu todos os tons, mas revela que nada supera o vermelho.
— É o mais pedido, o mais usado — completa ela, que conta com quatro manicures e tem recebido cerca de 20 mulheres por dia. — Me surpreendi como tem muita gente que usa Renda (nome de um esmalte clarinho). E olha que quase nem comprei.
Há várias características comuns a esses novos salões. Os esmaltes, por exemplo, fazem parte do acervo da casa (não são de cada manicure) e, dependendo do vidro e do estilo da unhas que se desejar (francesinha, decorada etc.), o preço ganha alguns reais a mais. O atendimento é sem hora marcada. E à frente do empreendimento há sempre uma mulher que queria investir em algo e, depois de pesquisar, farejou aí um bom negócio. Assim como Renata, são pessoas que nunca atuaram nesse mercado antes.
A professora Severina Pimentel, ou apenas Seve, abriu o Bem Feitas na Tijuca há um ano. Hoje, acumula por lá cerca de 650 esmaltes, de Colorama a Bourjois, e cinco manicures. Comprou “cadeiras Diretor” para os clientes e pontuou a decoração com almofadas rosa-shocking. Mas engana-se quem pensa tratar-se de um ambiente exclusivamente feminino:
— A maioria é formada por mulheres, claro, mas tem uns dez homens, e fiéis. Fazem mão e pé, alguns passam esmalte incolor. E dão sugestões para o salão. Tem um que quer um bar de cervejas.
As esmalterias abusam das tendências e podem colorir mãos e pés de todas as maneiras: inglesinha, francesinha, com borda, ombrè, filha única, com esmaltes que duram duas semanas... Também costumam oferecer serviço de unhas artificiais, seja de porcelana, acrygel ou silicone.
Elas são um ponto forte no Bem Feitas, mas, no momento, Severina Pimentel conta que mais em alta estão os estilos camurça e caviar. Nos dois casos, resume-se a um acabamento especial: no primeiro, um pozinho é jogado por cima do esmalte, dando o efeito aveludado; no segundo, bolinhas pretas são coladas, parecendo mesmo a iguaria de luxo. O valor sobe um pouco: em vez de R$ 15 (preço do pé e da mão), paga-se R$ 17.
— Fico de olho nas feiras, nos blogs. As tendências surgem velozmente. São holográficas, craqueladas, adesivadas... Agora tenho que estar antenada para trazer rápido para o salão — conta Severina.
No Esmalte Social Club, outro salão nesses moldes que fica dentro de uma galeria no Jardim Botânico, a maior novidade é a unha de açúcar. Sim, não há limites para a variedade de estilos que surgem no mercado a cada estação. Carla Ferrari, especialista em marketing que abriu o negócio há quase um ano, depois de se aposentar, achou a excentricidade na Hair Beauty, grande feira de beleza que aconteceu há dois meses, no Riocentro. Depois de esmaltadas, cada unha ganha grãozinhos brancos por cima, que lembram mesmo açúcar. É para quem gosta de brilho.
— Normalmente, as mulheres usam esse recurso na “filha única” (quando quatro dedos são pintados de uma forma, e o quinto, de outra), mas já tive uma cliente que resolveu pintar de rosa a mão toda, com açúcar por cima — conta.
Na esmalteria de Carla, decorada com diversos porta-retratos coloridos presos na parede com fotos de mulheres famosas, o cardápio é todo, digamos, curioso. Além dos diversos tipos de acabamentos, há um item classificado de “banho de gel”. Traduzindo, é outra novidade feita, como o nome diz, com um gel para ser passado antes do esmalte. As mãos repousam numa cabine UV e, dessa forma, as unhas feitas durariam mais.
Tem também o “seguro esmalte”: a cliente leva para casa um minividro contendo um pouco do esmalte usado naquele dia. Sabe quando as unhas estão impecáveis até que, justamente naquele em dia que você tem uma festa, sai uma lasquinha? Então, serve para o famoso retoque. Por lá, cada plus desses representa entre R$ 3 e R$ 5 a mais no serviço de mão (R$ 18) e pé (R$ 20).
Para a vendedora Marta Mansur, o maior atrativo desse tipo de lugar, além da variedade de esmaltes, é a rapidez do serviço. Assim, ela consegue dar uma escapadinha durante o almoço, sem se preocupar em marcar hora.
— Nunca sei quando vai sobrar tempo no almoço, então não consigo marcar. Mas agora, quando sobra, vou lá, faço a mão rapidinho, e ainda posso usar um Chanel, um OPI ou um Sephora. É um serviço unha-express — diz Marta.
A estudante de Desenho Industrial Joana Camargo, uma esmaltemaníaca confessa, gosta, particularmente, do universo Luluzinha que reina nesses novos salões.
— É como encontrar a sua tribo, gente que também adora esmaltes, para falar das novas cores, pedir sugestões — comemora. — Não teve a época dos salões dedicados à depilação? A impressão que eu tenho é que finalmente chegou a vez das esmalterias no Rio
.